Em maio de 2025, tive a alegria de palestrar pela segunda vez no PHP Velho Oeste. Foi a minha terceira participação no evento — e, como sempre, saí de lá com aquela sensação boa de quero mais.
Eventos de tecnologia, especialmente os organizados pela comunidade, têm um valor que vai muito além do conteúdo técnico. É aprendizado nas palestras, troca nas conversas de corredor, conexões no coffee break. Participar ativamente da comunidade foi, sem dúvida, um dos pontos que mais me moldaram como profissional — algo que, sinceramente, gostaria de ter descoberto antes. Isso mudou minha trajetória e acelerou meu crescimento de uma forma que nenhuma certificação ou curso online teria feito sozinho.
E como esse sentimento de pertencimento ainda tá fresco, quero aproveitar esse momento em que também estou tentando reanimar a comunidade aqui no sul — o PHP RS — para contar um pouco sobre como descobri esse universo e o que ele me ensinou até agora.
[!IMPORTANT] Para quem ficou curioso sobre a talk que palestrei no último Velho Oeste, eu transformei ela em um artigo chamado “Nem só de código vive o dev“. Depois dá uma conferida lá — acho que vai curtir.
Onde tudo começou
Minha história com a comunidade começou em 2020. Foi ali, no meio da pandemia, que decidi trocar de empresa pela primeira vez desde que entrei na área. Até então, toda a minha trajetória tinha sido em uma empresa pequena de telecom aqui da cidade — foi lá que aprendi a base de tudo: configurar RAID em servidor físico, instalar banco de dados no braço, resolver pepino em produção conectando via SSH. Era tudo feito na unha. Essa história ainda merece ser contada com calma, num outro momento.
Esse contato com infraestrutura, banco, código e até suporte me deu uma base técnica sólida — mas também me deixou numa bolha. Eu e mais um dev cuidávamos de tudo, e por anos acreditei que aquilo era o “mundo real” da programação. Fiquei lá quase 9 anos. Até que em 2020, no meio do caos, resolvi mudar. Um passo difícil, cheio de inseguranças e com a síndrome do impostor batendo forte… mas foi esse movimento que virou a chave da minha carreira.
Foi só após sair que comecei a me conectar com outros desenvolvedores, e aí veio o choque: existia uma comunidade de PHP. Um grupo de pessoas apaixonadas pela linguagem, que compartilhava conhecimento, organizava eventos e criava conteúdo gratuito na internet. E eu, com 8 anos de experiência, nunca tinha sequer esbarrado nisso.
Anos antes, até cheguei a ir num meetup em Porto Alegre, mas foi algo pontual — na época, não senti a energia que só fui entender mais tarde.
Comecei a fuçar. O histórico do meu YouTube em 2020 parece até engraçado hoje: “PHP iMasters”, “PHP palestras”, “Diana PHP assíncrono”, “Marcel”, “Caruso”, “Batista” — nomes e talks que explodiram minha cabeça. Assisti às mesmas palestras cinco, seis vezes, mastigando cada conceito. Foi uma avalanche de aprendizado. Aquilo ali me mostrou que a área era muito maior do que eu imaginava, que existia vida além do meu terminal.
E ali, no meio de uma pandemia, eu fiz uma promessa: no primeiro evento presencial que acontecesse depois de tudo isso, eu iria. Não importava onde. E cumpri. Em 2022, quando anunciaram o PHPeste — Em Natal — eu não pensei duas vezes. Moro em Porto Alegre, mas peguei um voo de quase 10 horas e fui. Sozinho, de mala e cuia.
Chegar naquele evento foi como virar uma chave definitiva. Eu era um antes, e saí de lá outro. Tive a certeza de que participar da comunidade, estar com gente que vive os mesmos desafios e compartilha conhecimento de forma aberta, é algo que transforma. Foi ali que tudo começou a mudar de verdade.
De um voo solitário ao começo de tudo
Mas, cara… o networking faz uma diferença absurda.
Aquele foi meu primeiro evento presencial, e olha a cena: eu, sozinho, saindo de Porto Alegre rumo ao Nordeste, pra um evento que eu nunca tinha pisado, com um monte de gente que só conhecia de longe — do Twitter, das palestras no YouTube, dos nomes que me inspiraram na pandemia.
Cheguei de voo cansado, peguei o Uber até o hotel (um Ibis, pra ser específico) e, ainda meio perdido, mandei uma DM pro Marcel — que eu só conhecia de conteúdo online. Ele me respondeu na hora: “tô aqui na frente do hotel”. E por acaso… era o mesmo hotel que eu tava indo ficar.
Desci do carro, vi o pessoal ali na frente, cumprimentei, me apresentei, e pronto — o gelo que eu achava que existia sumiu. A gente foi almoçar junto, depois teve o evento, e o resto é história. Conexão real. Vínculo. Gente boa, com a mesma vibe, falando sobre tecnologia com brilho nos olhos.
A troca
Claro que assisti palestras incríveis — mas o que realmente me pegou foi a troca. Os aprendizados nos corredores, as conversas no café, os papos sobre arquitetura de madrugada depois do happy hour. Tinha algo especial na forma como as pessoas estavam ali: com vontade real de compartilhar, ensinar, aprender junto.
Era um ambiente onde todo mundo parecia jogar no mesmo time — não só pra fazer a tecnologia funcionar, mas pra fazer as pessoas evoluírem.
Ali caiu a ficha: é nesse tipo de evento que a mágica acontece.
Uma conversa que mudou tudo
E foi justamente nessa vibe de troca que rolou uma conversa que mudou minha trajetória.
No meio de um desses papos de bar, conheci um cara que tinha trabalhado na mesma empresa que eu anos antes. A gente engatou uma conversa longa, falamos sobre carreira, sobre arquitetura, sobre trampo… até que eu perguntei como era trabalhar no PicPay.
Ele contou um pouco, eu me empolguei, e soltei:
[!NOTE] “Se pintar uma vaga por aí, me dá um toque. Já tentei algumas vezes, mas nunca passou da Gupy… tu sabe como é, né? Aquela plataforma parece que tem um buraco negro — a gente se candidata e nada acontece feijoada.”
A conversa ficou por isso mesmo. Só que em fevereiro do ano seguinte, meses depois do evento, ele me mandou uma mensagem no WhatsApp:
[!NOTE] “Abriu uma vaga aqui no meu time, bora tentar de novo?”
Aceitei na hora.
Foi o processo seletivo mais difícil da minha vida. Quatro entrevistas. Duas delas técnicas. Tive que desenhar arquitetura ao vivo. Suava frio. Mas passei. E hoje estou aqui.
Sou tech lead do time, skill lead de PHP na empresa. Palestrando, participando, devolvendo um pouco do que a comunidade me entregou.
A comunidade me ajudou a chegar até aqui
Confesso que, no começo, talvez eu nem tivesse um objetivo muito claro ao escrever isso. Mas, à medida que as palavras foram tomando forma, ficou cristalino o que eu realmente queria dizer:
[!TIP] A comunidade me trouxe até aqui.
Não foi sorte, nem um golpe de acaso. Foi a comunidade que me apresentou pessoas incríveis e que, de fato, mudou minha carreira. E tudo isso aconteceu porque estive presente, porque me conectei, porque participei.
Mais do que aprender tecnologias ou escrever código melhor, o que fez diferença foi essa troca — aquela conversa que começa num café, se estende no papo de bar, e às vezes termina numa dúvida resolvida tarde da noite. Foi nesse espaço que encontrei inspiração, referências que me fizeram repensar atitudes e práticas, e aprendi lições que ultrapassam o ambiente profissional.
Se você ainda não faz parte desse lugar, quero te convidar a conhecer a comunidade PHP da sua região — sim, elas existem em praticamente todos os estados, com encontros, grupos e muita troca real acontecendo perto de você. E, claro, fica aqui o convite para participar da nossa comunidade do PHP RS, onde a gente conversa, se reúne, compartilha desafios e cresce junto.
Afinal, carreira não é só sobre o que você sabe, mas também sobre quem está junto com você nessa caminhada. E é nesse espaço coletivo que o seu próximo passo pode acontecer.